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Fracasso sem fim

Esqueça o fato de que o Brasil seja, hoje, a 6ª maior economia do mundo. Esqueça o sucesso da Petrobrás que vai se estabelecendo como uma das maiores empresas do seu setor. Esqueça as promessas de riqueza abundante que virá do pré-sal. Esqueça o fato de que o número de bilionários brasileiros é cada vez maior. Nem a estabilidade econômica promovida por FHC nem os avanços na concessão de benefícios sociais promovido por Lula fizeram diferença alguma na maior tragédia brasileira: a desigualdade.

De maneira inteligente, os governantes e a mídia omitem o fato cruel de que o Brasil continua a ser o campeão mundial da desigualdade. Em 2010 fomos superados apenas por Bolívia e Haiti, em níveis tão baixos que podemos nos considerar iguais a eles.

A lógica que sustenta essa desigualdade é bem simples: enquanto o orçamento público destinou, em 2011, aproximadamente R$ 17 bilhões para o Bolsa-Família, principal programa de distribuição de renda no País, o pagamento de juros da dívida concentrou R$ 218 bilhões nas mãos de poucas pessoas.

Essa equação vai piorando, a cada ano. A despeito da carga tributária altíssima à qual não correspondem serviços públicos de boa qualidade, o Governo Federal tem que tomar largas somas de recursos no mercado para se financiar, porque gasta muito e gasta mal. Pelo ralo da corrupção escoam centenas de bilhões de reais que vão pressionar a necessidade de financiamento do setor público, a cada ano, pressionando a taxa de juros para cima e aprofundando o processo de concentração de renda. E não só isso. O valor desviado pela via da corrupção é, em si mesmo, um fator altamente concentrador de renda: muito dinheiro nas mãos de poucas pessoas.

A corrupção produz a concentração de renda em duas vias, uma direta e outra indireta, como descrito acima.

Dilma tem que atacar o problema por cima. Aumentar o valor do Bolsa-Família e o volume total de dinheiro destinado ao programa é uma compensação pífia dos valores dos juros pagos e das verbas públicas desviadas. A diminuição da desigualdade é um imperativo constitucional, e uma demanda de justiça social.

Vai aqui meu reconhecimento à brava lutadora Maria Lúcia Fatorelli, que capitaneia a Auditoria Cidadã da Dívida. Ela já percebeu, há muitos anos, que a chaga dos juros da dívida pública é o grande vilão da desigualdade no País. Juros da dívida e corrupção são irmãos gêmeos nesse fracasso sem fim do nosso País.

 

 

Este post tem um comentário

  1. O que vemos é uma promoção sem fim ao Brasil através da mídia, sabe-se lá por quê, mas que na verdade o que vemos é um desajuste total na sociedade em geral.
    Esse negócio de pais emergente, foi só pra desviar o foco da realidade brasileira, estamos sim encravados no Terceiro Mundo!

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