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Trágico ou patético?

O Governo Agnello é um governo natimorto.

Necessário informar, desde já, que votei nele. Estou em dúvida se, em situações como essa, nas quais as opções não são entre o bom e o ruim, mas entre o muito ruim e o péssimo, continuarei a escolher o muito ruim. Vou avaliar novamente o voto nulo, que utilizei na eleição Lula x Alckmin.

O fato é que eu temia muito pela experiência (muito piorada) que teríamos do modelo argentino de marido e mulher no poder, e votei no Agnello, cuja aliança política já permitia que se antevisse o fracasso do novo Governo. Antes mesmo da posse, aliados políticos de Agnello que iriam controlar as obras públicas já tinham se reunido com os representantes das empreiteiras para definir como seria a partilha.

O que não se sabia com clareza, no entanto, era que Agnello iria se enrolar sozinho, sem a ajuda de seus aliados. Primeiramente, começou a enfrentar dificuldades com financiadores de sua campanha, que por algum motivo se rebelaram, e lhe valeram a instauração de processo pelo Ministério Público. E, para piorar a situação, veio à tona o esquema de favorecimentos do Ministério do Esporte quanto ele estava a frente daquela pasta, criando um ambiente de grande instabilidade, que possivelmente, para piorar a situação, muito agrada o Vice-Governador.

Agnello prometeu resolver os problemas da Saúde. Tarefa complicada, por vários motivos. O primeiro grande desafio, que qualquer Governador enfrentaria, é a complexidade da área e os problemas já históricos que a cidade enfrenta. O segundo, as obrigações com seus financiadores de campanha, muitos da área médica. O terceiro, a própria incompetência do seu Governo.

Agnello argumentou que a Saúde estava um caos quando assumiu o Governo. Isso é verdade apenas em parte. No Governo Rosso estabeleceu-se algo similar a um “salve-se quem puder” pois o prazo para pilhar os cofres públicos era curto. Não se sabe o porquê, mas o fato é que Rosso preservou a Saúde, nomeando a Dra. Fabíola como Secretária e o Almirante Herbert para fazer as compras específicas desta área. Em boa medida, Fabíola e Herbert normalizaram as atividades, que foram herdadas, naquele momento sim, em estado caótico do Governo Arruda.

Agnello começou a Governar no melhor dos mundos, pelo menos quanto à Saúde: podia espalhar para a população que a Saúde era um caos absoluto, mas já havia alguma ordem na casa. Era de se esperar (não que isso seja correto…0 que, no primeiro mês, ou nos dois primeiros meses, as compras fossem usadas com algum direcionamento para os apoiadores de campanha, e que isso demandaria a utilização das dispensas de licitação mediante a justificativa de situação emergencial.

No entanto, até o mês de agosto, Agnello continuava fazendo todas as compras da Saúde por meio de dispensa de licitação. Inclusive de serviços terceirizados de limpeza e segurança, que, obviamente, foram contratados com as empresas de terceirização de deputados distritais. Coisa à toa, por volta de R$ 100 milhões… A alegação de estado de emergência ao longo de tanto tempo significa ou incompetência absoluta para gerir o Governo ou a prática contínua de irregularidades e favorecimentos com o dinheiro público.

Nesse meio tempo, o Governador, de forma patética, foi à televisão para informar que a reforma na Saúde iria demorar um pouco mais do que ele havia pensado inicialmente. Quem será que aconselha o Governador a tomar uma atitude tão sem sentido? Deve ser o mesmo que o aconselhou a espalhar viaturas policiais ao longo do Eixão Norte hoje pela manhã.

Agnello está completamente perdido. Apareceu numa foto ao lado de 250 viaturas policiais recentemente adquiridas, para tentar mostrar alguma coisa, vencer a pecha de Agnullo. Na sequência, espalha as viaturas no canteiro central do Eixão…

Vi aquilo com um misto de vergonha e revolta. Fico com vergonha porque esse é o MEU Governo, é o Governo que eu elegi. Fico com vergonha dessa incompetência aliada com total falta de espírito público. Fico revoltado com a situação como um todo, da qual Agnello não tem como escapar. Está preso pelos acordo que fez, pela venda do mandato. Não fez um ano de Governo e não tem mais condição alguma de governar, pelo excesso de erros que cometeu no passado mais distante e no passado recente.

É trágico, e é patético. Temos muita coisa a consertar.

 

 

Este post tem um comentário

  1. Caro Ziller,

    O imbrincamento dos “laços” politicos no DF produziram, ao longo dos últimos anos, uma nefasta combinação que vai totalmente contra o interesse público.

    Mas não podemos desistir. Estou com você nessa indignação.

    Lembro-me – sempre – da frase de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.”

    Abraços,

    Raissa Rossiter

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