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Eu, no banco dos réus

O STF não está julgando José Dirceu e seus comparsas – está julgando a nação.

José Dirceu, obviamente com conhecimento das instâncias superiores, adaptou a experiência mineira do valerioduto para o âmbito nacional, com o fim de montar a base de apoio parlamentar do início do governo Lula. Não há inocentes entre os acusados, e nem o julgamento deles estabelece qualquer ameaça ao estado de direito e à democracia. Muito menos é um ato de terrorismo.

No entanto, não é José Dirceu e os integrantes de seu esquema que estão no banco dos réus – é a nação. Eu estou ali sentado.

Os discursos inflamados dos advogados de defesa, acima mencionados, deixam claro porque o réu é a nação. A inversão de valores é tamanha no País que eles se permitem a construção de uma tese que, na avaliação coletiva dos pronunciamentos, informa que todos os demais são culpados, menos aqueles ali julgados.

Não estão errados. De fato, todos aqueles denunciados são peças de um esquema maior, são produto de um contexto, são a expressão natural e lógica da deterioração da ética e da moral política da Nação. Por isso, segundo a defesa, devem ser absolvidos.

O STF, que já nos deu alguns desgostos, anda produzindo boas notícias. Mais ciente de sua natureza essencialmente política, e, por isso, em maior sintonia com a nação, deverá condenar senão todos, quase todos, e, principalmente, as figuras mais notórias do esquema. Se vão chegar a passar algum dia sequere na prisão é outra história que não vai ser contada agora…

O STF deve dizer à nação que esse caminho trilhado nas lides político-partidárias-eleitorais em relação com governos está equivocado. Não vai dizer qual é o certo, porque ali não é a arena para esse debate. Mas, vai sinalizar que temos que mudar.

Como não dá para combinar de parar com tudo e fazer a lei valer daqui para a frente, alguém tem que ser o primeiro. Sendo um grupo político que comandou a nação por algum tempo, o recado fica bem dado e bem claro: nosso jeito está errado. Em sintonia com valores mais excelentes do que aqueles que nos inspiram nos dias de hoje.

Estamos sendo julgados, e condenados.

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