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Capitalismo e corrupção

Não é difícil enxergar a relação que existe entre capitalismo e dois dos maiores problemas da atualidade: a corrupção econômico-financeira e a corrupção ambiental. Não vou discorrer sobre isso, permitindo-me, simplesmente, tomar essas relações como verdadeiras. De fato, já foram demonstradas por vários autores.

Lutar contra a corrupção, então, seria uma tarefa fadada ao fracasso? Para quem quer, de fato, mudanças, não seria melhor juntar forças para se encontrar um outro caminho para a Economia, que rompesse com o capitalismo? Não seria melhor ocupar Wall Street?

Uma grande dificuldade que tenho contra todos os teóricos anticapitalistas é o fato de que, entre os que já li, não passaram de analistas teóricos. Escrevem textos convincentes para demonstrar a crise do capitalismo e das democracias burguesas – análises com as quais concordo – mas não conseguem produzir nenhuma alternativa, ou caminho a se seguir. Esse é o mesmo comportamento do psicólogo que desnuda o paciente, faz com que ele entenda a origem de todas as suas crises, que se confronte com suas próprias incoerências e esquisitisses, e depois informa que por motivos profissionais não pode apontar um caminho que ele deva seguir.

Esse é o problema básico, inclusive, do Movimento de Wall Street. Qual é a alternativa? Ninguém sabe. Vale ressaltar, no entanto, que admiro o que aquelas pessoas estão fazendo, e estaria participando do movimento se estivesse lá.

Quero uma alternativa ao capitalismo. Mas não quero aquela que se chamou o socialismo real, que sucumbiu ao problema da corrupção assim como ocorreu com o capitalismo. E o problema é antigo. Antes mesmo de Cristo os profetas hebreus já denunciavam a corrupção de seus reis. Muito tempo antes que se cunhasse o conceito de coisa pública, ou res publica.

Se a problemática ambiental é um evento detectado mais recententemente, a corrupção econômico-financeira é bem conhecida desde tempos imemoriais. A luta contra ela, portanto, perpassa sistemas econômicos e políticos, porque está ligada a questões morais, a respeito das quais os sistemas não têm o que dizer. Não reduzo a questão da corrupção à moralidade individual, como se um surto de conversões religiosas pudesse resolvê-la. Acredito, como grande parte de meus pares nessa luta, que a questão passe por aí, mas que é mais crítico a construção de instituições sólidas que organizem a vida da sociedade. Isso passa pela educação das gerações mais jovens, pelo enfrentamento da corrupção hoje e pela construção e implementação das instituições (entendidas como as regras do jogo em uma sociedade).

 

 

 

 

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