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A Copa do Mundo como oportunidade

Por Juarez de Paula*

Brasília será uma das cidades-sede da Copa do Mundo em 2014. Trata-se de uma excelente oportunidade para repensar a cidade. Mesmo tendo sido uma cidade planejada e com apenas 50 anos de existência, Brasília já apresenta muitos dos problemas tradicionais das grandes metrópoles. Um dos mais agudos é a dificuldade de mobilidade urbana.

Nossa cidade carece de opções de transporte público e de infra-estrutura para meios alternativos de transporte,  como a bicicleta. O automóvel de passeio, utilizado quase que exclusivamente por um único passageiro, tem sido historicamente o meio de transporte mais adotado, com todas as consequências conhecidas. Quanto mais carros em circulação, maior a necessidade de obras viárias (alargamento de vias, construção de viadutos, etc.), maior a necessidade de espaços para estacionamento, maior o número e a extensão dos engarrafamentos, maior o número de acidentes e de vítimas, maior a poluição sonora e a emissão de gases de efeito estufa que provocam o aquecimento global.

Mobilidade urbana será, com certeza, uma das preocupações para a Copa do Mundo, justificando novas e grandes obras de infra-estrutura, tais como o VLT (veículo leve sobre trilhos) previsto para a W3, a expansão do metrô para a Asa Norte, novas vias de acesso para o aeroporto, dentre outras que certamente serão sugeridas. O elevadíssimo custo desses projetos tem sido sempre mitigado pela argumentação em favor de suas supostas vantagens econômicas e sociais, tais como a geração de empregos nas obras de construção civil. Os custos ambientais costumam ser solenemente ignorados.

A proposta desafiadora seria colocar a prioridade nas pessoas, em detrimento dos carros. Mais áreas verdes, mais espaços de convivência e lazer, mais passeios para pedestres, mais ciclovias, mais opções de transporte coletivo de qualidade. É preciso estimular o uso de meios alternativos e sustentáveis de transporte e onerar o uso do carro de passeio, sobretudo quando esse uso é individual.

Além das evidentes vantagens ambientais, de bem-estar e qualidade de vida, também é possível gerar empregos com essa escolha. Imagine quantas pessoas poderiam ser ocupadas com a simples decisão de recuperar todos os passeios de pedestres de Brasília, quadra por quadra, eliminando os buracos, os desníveis, os diversos obstáculos e aproveitando para ampliar o número de rampas e faixas de pedestres. Imagine quantas ocupações poderiam ser geradas com a criação e sinalização de ciclovias em todas as grandes vias de circulação de veículos da cidade.

Tenho uma grande esperança de que com a urgente e necessária renovação da Câmara Legislativa do DF, esse tipo de discussão encontre espaço e apoio.

*Juarez de Paula é sociólogo, Gerente do Sebrae Nacional, e diretor nacional e local do Partido Verde

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